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http://jbb.ibict.br//handle/1/622
Título: | Vegetação no Distrito Federal : tempo e espaço : uma avaliação multitemporal da perda de cobertura vegetal no DF e a diversidade florística da reserva da biosfera do Cerrado - Fase I |
Autor(es): | UNESCO, Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura |
Data de publicação: | 2002 |
Editor: | Unesco |
Abstract: | "O bioma do cerrado abrange 200 milhões de hectares compreendendo uma larga variedade de fisionomias savânicas que dominam a paisagem do Brasil central. Matas de galeria se desenvolvem ao longo dos rios e córregos, matas secas medram sobre solos mais ricos, bem como vegetação de transição nas bordas com outros biomas. Sua flora é rica, com mais de 6.000 espécies de plantas vasculares com um grande número de espécies endêmicas. A ocupação humana por tribos indígenas é antiga, mas a colonização ocorreu a partir do século XVII com mineração, criação de gado e agricultura de subsistência substituindo o extrativismo. A capital federal, Brasília, foi planejada no centro do país com o propósito estratégico de promover o desenvolvimento do interior. Prédios governamentais e grande parte dos serviços urbanos foram construídos ainda nos anos 60. A cidade está se expandindo rapidamente sobre os 5.814 Km2 do Distrito Federal. O intenso fluxo migratório e o crescimento da agricultura têm colocado pressão sobre o ambiente e ameaçam desfigurar o planejamento original da cidade, considerada patrimônio da humanidade pela UNESCO. A agricultura mecanizada em larga escala tem substituído a paisagem natural no Brasil central, especialmente a partir da década de 70. Contudo, não há um sistema planejado de unidades de conservação e seu número é baixo, inferior a 2% da área do bioma. As três principais unidades de conservação do Distrito Federal estão distantes uma da outra em no máximo 50 Km, e são o Parque Nacional de Brasília com 30.000 ha e as duas outras com cerca de 10.000 ha em cada reserva ecológica. A APA (Área de Proteção Ambiental) Gama e Cabeça de Veado compreende uma zona residencial e três reservas ecológicas e reservas científicas contíguas que pertencem à Universidade de Brasília, ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística e ao Jardim Botânico. Ela protege importantes nascentes e córregos e abriga a maioria das pesquisas de longo prazo sobre o cerrado. A maior parte do conhecimento atual sobre biodiversidade, dinâmica, efeitos de fogo, mudanças climáticas e balanço de carbono no cerrado é derivada de teses e projetos ali desenvolvidos. O Parque Nacional de Brasília, a mais extensa das reservas, também protege nascentes e córregos e uma grande variedade de paisagens, além de receber grande número de visitantes. Os córregos que nascem em Águas Emendadas integram três importantes bacias hidrográficas do país. Todas as reservas estão circundadas pela malha urbana e sob pressão intensa pelo crescimento da mesma. Este trabalho representa uma contribuição para um plano de gestão com vistas a conciliar a manutenção da integridade das unidades de conservação e o desenvolvimento sustentável do Distrito Federal. O objetivo foi avaliar a dinâmica da ocupação do solo no DF e seu efeito sobre a cobertura vegetal, bem como também analisar a riqueza e diversidade florística das áreas nucleares da Reserva da Biosfera do Cerrado - Fase 1. Da análise integrada dos resultados, face aos processos ecológicos e antrópicos, foram sugeridas áreas prioritárias para constituírem corredores para assegurar o fluxo gênico entre as reservas e funcionar como tamponamento aos impactos no entorno das mesmas, assim como orientações para a recuperação de áreas degradadas. A análise multitemporal foi realizada utilizando-se técnicas de geoprocessamento, o que possibilitou o desenvolvimento de uma base de dados geográficos de várias épocas para o Distrito Federal. Foram avaliados seis momentos distintos: 1954, 1964, 1973, 1984, 1994 e 1998. Todos os mapeamentos utilizaram como referência o Sistema Cartográfico do Distrito Federal – SICAD, adotado pela CODEPLAN (Companhia de Desenvolvimento do Planalto Central). A legenda foi unificada, a fim de possibilitar uma maior interação entre os mapeamentos, ou seja, áreas naturais: corpos d’água, mata, cerrado, campo e uso antrópico; área urbana, área agrícola, reflorestamento e solo exposto. A interpretação do ano de 1954 foi feita com base no "Relatório Belcher – Relatório Técnico sobre a Nova Capital da República". A partir de informações obtidas por fotografias aéreas, foi gerado o mapeamento de utilização das terras na escala 1:50.000, de onde produziu-se o "overlay" que posteriormente foi digitalizado. O mapeamento de uso das terras e vegetação do ano de 1964 foi obtido por meio de técnicas de fotointerpretação, com base no aerolevantamento realizado pela USAF (United States Air Force) na escala 1:60.000. Posteriormente, o produto analógico resultante da fotointerpretação foi digitalizado. A série de mapeamentos realizados nos anos de 1973, 1984, 1994 e 1998 foi obtida por meio do processamento digital de imagens do satélite Landsat, sendo que na primeira data utilizou-se informações do sensor MSS e nas demais do sensor TM. As imagens foram processadas em um sistema de tratamento digital de imagens, com o objetivo de georreferenciá-las e realçar as feições a serem interpretadas. Em seguida, iniciou-se o processo de classificação automática supervisionada utilizando-se o algoritmo de máxima verossimilhança, mediante a escolha de alvos semelhantes às feições terrestres estabelecidas de acordo com a legenda adotada no projeto. De posse de todas as informações, avaliou-se a coerência entre os mapeamentos e a dinâmica de ocupação do solo no DF. Através do uso de um Sistema de Informações Geográficas (SIG), foram realizados cruzamentos entre os mapas no formato digital, onde as possíveis incongruências foram detectadas e editadas, possibilitando a avaliação das transformações territoriais. Os resultados obtidos indicaram que a formação da paisagem no Distrito Federal está intimamente relacionada aos intensivos processos de adensamento da malha urbana e ao crescimento da ocupação agrícola, principais responsáveis pela redução das áreas naturais de cerrado. O processo de dinamização do crescimento urbano está centrado na área correspondente ao Plano Piloto de Brasília e no eixo formado pelas cidades de Taguatinga, Ceilândia e Samambaia, constituindo exemplos típicos de conglomerados urbanos. A ocupação agrícola começou a ter maior significância durante a década de 80, com a entrada da soja, das culturas irrigadas e outras culturas extensivas, concentrando-se atualmente na porção leste do DF, no corredor formado entre as bacias hidrográficas dos rios Preto e São Bartolomeu. A composição florística foi avaliada por consulta a herbários e revisão de literatura. As sugestões para conservação e recuperação foram baseadas nos resultados de vários estudos sobre o funcionamento dos ecossistemas e autoecologia, conduzidos nas estações de pesquisa na APA e nas outras reservas. Uma lista de espécies lenhosas prioritárias para recuperação foi elaborada. As análises de composição florística mostraram que as três unidades de conservação, que formam o núcleo da Reserva da Biosfera, são "hot spots" para conservação da biodiversidade. Elas contêm a maioria das fisionomias encontradas no Brasil central e uma rica flora com mais de 2.000 plantas vasculares, representando 33% do número listado para o bioma. São também importantes centros de pesquisa; contêm organizações públicas de natureza diversa no seu manejo e diferentes comunidades urbanas e rurais no seu entorno, que compreendem a zona de transição da Reserva da Biosfera. O lago Paranoá e alguns cursos de água formam um corredor aquático entre as áreas nucleares, mas para manter um corredor terrestre é necessária a regulamentação do uso do solo e a recuperação das matas de galeria e dos ecossistemas associados aos córregos e rios que, por lei, deveriam ser preservados mesmo em terras de particulares. Algumas áreas de cerrado deveriam ser mantidas intactas ou recuperadas para formar um conjunto de fragmentos remanescentes entre as três unidades de conservação, que permitiriam o fluxo gênico, além de oferecer abrigo e alimento para a fauna. A avaliação multitemporal indicou que, no período estudado, o Distrito Federal perdeu 57% da sua cobertura original. A maior perda foi para o ambiente de cerrado, de 73%. Com base no conhecimento atual sobre a diversidade florística dos ambientes de cerrado, estima-se uma perda de 600 espécies vasculares." (O autor) |
Formato: | 92 p.: il., color; PDF |
URI: | http://jbb.ibict.br//handle/1/622 |
ISBN: | 85-87853-71-6 |
Aparece nas coleções: | 4.6.6 Publicações |
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